quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quando a lei vira lei

Matéria no programa de Ana Maria Braga mostrava um caso ocorrido em Natal, em que um cidadão assistindo TV reconheceu o responsável por um atropelamento como sendo o mesmo que atropelou e matou seu filho, há dois anos. O sujeito matou alguém e dois anos depois já estava repetindo a besteira, caso para causar indignação certo?

Até aí tudo bem. O que venho aqui contestar é a postura da TV Globo (no caso) a respeito do assunto. Ana Maria pôs no ar o pai e a mãe, segurando uma foto do rapaz morto. O pai demonstrava tristeza e indignação (claro) e pedia mudança na Lei. Ana Maria e o Lôro José se mostravam revoltados com o fato do atropelador estar solto e culpavam a Legislação por isso. Uma grande propaganda com objetivo de mudar a Legislação e tornar inafiançáveis os atropelamentos em que o motorista esteja alcoolizado. Até aí, uma causa nobre.

Ok. Sempre que falam em uma nova Lei ou mudança na Lei neste país eu fico arrepiado. E por um motivo simples: não damos conta das leis que temos, como queremos criar novas? No citado caso, Ana Maria não entendeu que a culpa do cara não estar preso não é da Legislação, mas sim da lentidão, leniência, burocracia, incopetência e falta de vontade de fazer cumprir a Lei.

Mas no Brasil é assim. Cria-se uma lei para fazer cumprir outra, e assim desenvolve-se um imbróglio maior ainda, gerando um emaranhado de problemas dos quais nunca saímos. Enquanto isso a TV, que precisa mostrar o tempo todo histórias de heróis, vilões e vítimas, locupleta-se em audiência ingênua, enche os bolsos, vilaniza uns, explora a desgraça de outros e ainda posa de herói (ou heroína, que aliás é um bom duplo sentido).

O cidadão brasileiro não percebe o quanto é enganado. Enganado quando acha que a Lei Maria da Penha resolve alguma coisa, que a "lei seca" resolve alguma coisa, que a "lei da ficha limpa" resolve alguma coisa. É tudo um engano, um engodo para que as pessoas simples achem que as autoridades estão fazendo algo pelo país quando não estão.

Não é por força de lei que se faz um país civilizado. É pela educação, é com seriedade e respeito pela cultura que representa o que somos enquanto povo, enquanto Nação. Não é prendendo alguém antes que este seja julgado e condenado que se resolverá o problema, privando assim um cidadão de seu direito, mas é julgando os casos com rapidez e eficiência que tiraremos os irresponsáveis do trânsito.

Se alguém tem interesse na diminuição dos acidentes por alcoolismo, que tal impor restrições a propaganda de cerveja? Taí uma boa maneira de usar a lei em favor do cidadão. Mas isso não vai acontecer, porque, afinal, a Skol desce redondo, a Nova Schin é um cervejããããoo e o brasileiro é brameiro.

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